Martinho Lutero, que mudara sua visão sobre Deus após ser atingido por um raio, era um monge católico da Idade Média que não conseguiu ficar calado diante dos abusos de sua igreja em relação ao povo. Foi o principal idealizador da Reforma Protestante, que deu origem às igrejas evangélicas.
A história de Lutero já foi contada várias vezes no cinema, mas o projeto mais ambicioso foi “Lutero – O Filme”, produção alemã de 2003 realizada para o circuito internacional de cinema, com atores de vários países, incluindo os ingleses Joseph Fiennes (de “Shakespeare Apaixonado”) e Sir Peter Ustinov, em seu último papel para o cinema (morreria um ano depois do lançamento do filme), como o príncipe alemão Frederico III.
Lutero ousou enfrentar a igreja, que submetia os fiéis à humilhação e ao desrespeito, negando-lhes inclusive o direito ao aprendizado, para que não tomassem consciência de seus direitos. Perseguido pela igreja católica, mesmo como um fugitivo ele traduzia a Bíblia do latim, que só podia ser lida pelo clero, para que o povo tivesse acesso a ela em sua língua pátria – não sendo obrigados, dessa forma, a se submeter à interpretação que a igreja lhes impunha, sem que pudessem contestar.
O filme foi feliz em mostrar tanto a fase católica de Lutero, seu descontentamento, o embate com o clero e sua perseguição, além de seu envolvimento com a ex-freira que o procurou para apoiar a Reforma que então nascia, Catarina von Bora, com quem se casaria, tendo ao seu lado uma aliada para todos os momentos.
Além de Fiennes e Ustinov, também estão no elenco Alfred Molina (de “O Código Da Vinci”), como Johan Tetzel, padre dominicano que foi um dos maiores adversários de Lutero, e o suíço Bruno Ganz, como Johan von Staupitz, mentor espiritual e amigo do líder protestante – Ganz é mais conhecido pelo papel principal em “A Queda – As Útimas Horas de Hitler” (2004), cuja interpretação do ditador alemão impressionou crítica e público.